MULHERES E A PANDEMIA
Por Valéria do Val
No mês das mulheres, é importante falarmos sobre as mulheres.
Atualmente as mulheres lideram mais de 50% das pequenas empresas e chefiam 40% dos lares brasileiros.
Sempre foi alvo de comentários, reclamações e até de “enaltecimento”, a jornada dupla da mulher que “trabalha fora”, tendo que fazer seu trabalho profissional e ainda cuidar da casa, dos filhos, do marido, etc.
De repente tudo mudou! O mundo virou de cabeça para baixo! O vírus colocou todos em casa! O trabalho há 01 ano é remoto. Não existe mais “ir para o trabalho” e focar no profissional.
Agora a mulher tem que cuidar do profissional em home office, e enquanto busca acabar uma planilha, uma ligação, fazer uma reunião, compete com a reunião do marido também em home office e tenta não atrapalhar a aula do filho que assiste as aulas online. Além disso, se vê as voltas com almoço, lanche, casa, ajudar o filho na escola, etc.
Não está sendo fácil!
Sempre falaram que as mulheres tem o “dom” de fazerem várias coisas ao mesmo tempo. Mas exageraram. É muito até para as “multitarefas”. Tudo agora acontece simultaneamente, concomitantemente e tentar não se sentir frustrada ao final do dia por não ter conseguido desempenhar nenhum dos papéis com excelência é impossível. A sensação é de apenas equilibrar pratos, bem cambaleantes.
Tudo isso agregado a uma “coexistência” 24 horas entre cônjuges e toda essa demanda “doméstica” aos dois, tem gerado o maior número de divórcios da história. Segundo fontes oficiais, os divórcios consensuais em cartórios aumentaram 54% entre maio e julho de 2020. Em números absolutos, as separações saltaram de 4.641 para 7.213, segundo levantamento do Colégio Notarial do Brasil.
Sem falar na violência doméstica que também atingiu índices muito preocupantes. O isolamento social tem aumentado os conflitos familiares e obrigado mulheres à ficarem junto aos seus agressores direto, e sem visitas. O número de casos de feminicídio aumentou muito quando comparado com o mesmo período do ano de 2019, mas o número de denúncias diminuiu. Preocupante, certo?
Como se não bastasse, existe o cuidado com os pais e familiares idosos, principais “vítimas” do Coronavírus. Ou seja, elas cuidam de diversas “gerações”, cada qual com sua demanda específica.
A grande verdade é que as mulheres estão exaustas!
A síndrome de Burnout é considerada uma doença ocupacional que está diretamente ligada à pressão exagerada do mundo corporativo, e já existem números mostrando o aumento de afastamentos pelo INSS em razão da Síndrome durante a pandemia.
Uma das principais recomendações para evitar-se a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Excessivo, de acordo com pesquisa da “Harward Business Review” é a demarcação de transição entre trabalho e lazer, algo que desapareceu com o advento do home office, trazido pela pandemia. Conectadas o tempo todo, possuem mais riscos de sofrer de Burnout trabalhando de casa, pois não estão conseguindo separar o trabalho dos momentos de descanso.
A supervisão da casa e do estudo das crianças, com raras exceções, continua sendo feminina.
Por isso, no mês das mulheres, pedimos que a maior homenagem seja um olhar mais generoso com todas.
OBS: Existe no Brasil um aplicativo chamado “Direitos Humanos Brasil” que foi lançado para que as denúncias de qualquer espécie de violência sejam realizadas de forma online e silenciosa. Mas nunca é demais lembrar que o Disque 100 e o Disque 180, continuam a funcionar normalmente.